Laboratório do maestro Nicola Gagliardi, Milão 2025
O Alabastro de Volterra – A Pedra que Respira História
Na antiga cidade de Volterra, encravada nas colinas da Toscana, o tempo parece repousar com elegância entre muralhas etruscas e ruas de pedra. Ali, sob o solo que carrega milênios de história, dorme uma pedra rara, suave ao toque e quente ao olhar — o alabastro.
Diz-se que os deuses moldaram o alabastro com a luz do sol e o sopro das nuvens. Branco como a neve da memória e translúcido como véus de saudade, ele repousa em camadas secretas, esperando mãos humanas para despertá-lo. E foram os artesãos de Volterra, herdeiros da paciência dos etruscos e da precisão renascentista, que lhe deram voz.
O alabastro de Volterra não é apenas uma rocha. É matéria viva, que respira luz. Ao ser talhado, canta uma canção suave — uma melodia ancestral que só os mestres escultores compreendem. Com ferramentas simples e coração atento, eles extraem da pedra imagens que parecem ter nascido dentro dela. Rostos, colunas, urnas, aves, deuses. Nada é forçado. Tudo é revelado.
Nos séculos passados, o alabastro foi sepulcro e ornamento, símbolo de luto e de glória. Os etruscos o usavam para guardar os restos dos seus mortos, acreditando que aquela pedra clara era ponte entre mundos. E talvez tenham razão. Porque, ao olhar uma escultura de alabastro, é como se um instante de eternidade tivesse sido aprisionado ali, leve e silencioso.
Hoje, quem visita Volterra ainda pode ouvir o som das oficinas — o raspar ritmado do cinzel sobre o mineral, como um sussurro da terra. E pode ver, nas vitrines das pequenas lojas e nos salões dos museus, o resultado desse ofício antigo. São obras que parecem feitas de névoa sólida, tão delicadas que um sopro poderia dissolvê-las, tão fortes que resistem ao tempo.
Curadoria Geral Davi dos Anjos e Andrea Nikos Cristallo