Por Davi dos Anjos,
Giuseppe Bessi: O Escultor da Alma em Mármore
Na pequena cidade de Volterra, na Toscana italiana, nasceu em 1857 um homem destinado a transformar o mármore e o alabastro em emoção eterna. Giuseppe Bessi, desde jovem, não via apenas pedras — ele via rostos, gestos e sentimentos aprisionados na matéria bruta, aguardando apenas um toque de suas mãos para despertar.
Educado na tradição clássica da escultura italiana, Bessi estudou na Accademia di Belle Arti di Firenze, onde absorveu a elegância do neoclassicismo, mas também os primeiros suspiros do Art Nouveau, que mais tarde influenciariam profundamente sua obra. Ele não era apenas um artesão — era um poeta da forma. Suas esculturas, em mármore, alabastro e bronze, pareciam suspensas entre o sonho e o real, entre o silêncio da matéria e o grito contido da emoção humana.
Com seu ateliê em Volterra, cidade famosa pelo alabastro translúcido, Bessi desenvolveu uma linguagem própria, fundindo o academicismo com uma sensibilidade quase cinematográfica. Seus retratos femininos, suas figuras mitológicas, suas alegorias do amor e da melancolia, conquistaram admiradores na Itália e no mundo. Em sua época, foi um dos artistas mais requisitados pelas cortes europeias e pelas grandes famílias colecionadoras de arte.
Mas mais do que fama, Bessi buscava algo mais íntimo: o gesto imortal. Cada escultura era um sussurro de eternidade, um diálogo silencioso com quem se deixasse tocar por suas curvas suaves e expressões intensas.
Giuseppe Bessi faleceu em 1922, mas seu legado vive nos salões dos museus, nas coleções particulares, mas sobretudo, na alma da pedra que ele soube fazer viver. Em cada obra, ele deixou algo de si: o olhar de quem viu a beleza escondida no véu do tempo — e a libertou.